Entendendo melhor a qualidade da sua forragem

Entendendo melhor a qualidade da sua forragem Avalie a produtividade da forragem

A produção de forragens conservadas em grandes quantidades e com altos teores de nutrientes é uma das principais alternativas para se reduzir os custos com alimentação, já que o volumoso de qualidade pode diminuir a dependência da compra de alimentos concentrados energéticos e protéicos.  As forragens destinadas à produção de feno e silagem devem ter boa estabilidade agronômica, com maior tolerância a pragas e doenças, de modo que possam expressar as características produtivas desejadas, como alta produção de forragem com grande participação de grãos no seu conteúdo e/ou alta digestibilidade da fração fibrosa.

Todavia, muitos produtores e técnicos ainda têm duvidas de quais análises utilizar na avaliação da forragem produzida, de forma a elaborar uma dieta de menor custo e com maior desempenho de seus animais, bem como avaliar a eficiência de processamento da forragem e dos grãos pela maquina forrageira durante a colheita.   

            De maneira objetiva, os principais parâmetros avaliados em um alimento volumoso devem ser:

  • Matéria Seca (MS) - corresponde ao peso total da forragem descontada toda a umidade (água). É a fração onde estão contidos os nutrientes que os animais irão transformar em carne ou leite. Deve ser usada para se expressar a concentração de nutrientes e, a partir daí, determinar a produtividade desse nutriente.

 

  • Fibras – Duas frações devem ser analisadas: 1- a fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), que indica a quantidade de fibra presente na silagem.  Menores valores de FDN indicam maior quantidade de grãos e, por isso, silagens com maior teor de energia (EL ou NDT), proveniente principalmente do amido, que tem alta digestibilidade nesse estágio do grão. Maiores teores de FDN indicam menores quantidades de grãos e/ou que a forragem pode ter sido colhida acima do ponto ideal, e terão efeito negativo no seu consumo (demoram mais para ser digeridas)  2 – a fibra insolúvel em detergente ácido (FDA), que indica a porção da “fibra de baixa qualidade” que, por sua vez, está diretamente correlacionada com a menor digestibilidade da forragem.

Considerações:

    • Como a FDA está diretamente relacionada com a digestibilidade podemos calcular o NDT (nutrientes digestíveis totais), que corresponde a energia do alimento, pela seguinte fórmula:
      • %NDT = 87,84 – (0,70 x % FDA) 
      • Ex: se o FDA é de 25% temos um NDT de 70,34%.
      •  
  • Digestibilidade “in vitro” da fibra (DIVFDN) - expressa o quanto da fibra pesente na forragem, na fração FDN, é passivel de ser digerida. Apesar de variável e pouco relacionada com os teores de FDN, FDA, permite estimativas mais precisas de nutrientes digestíveis totais (NDT) e do potencial de consumo de matéria seca, tornando o balanceamento da dieta mais preciso e a produção de leite pela vaca, por exemplo, mais previsível;
  • Amido (AM) – indica a participação de grãos na forragem. Lavouras com maior produtividade de grãos resultam em silagens com maiores teores de AM.
  • Digestibilidade “in vitro” da matéria orgânica (DIVMO) – expressa a quantidade total de materia orgânica presente da forragem que pode ser digerida pelo animal. Quanto maior o valor, maior o teor energético.
  • Nutrientes digestíveis totais (NDT) – expressam a quantidade total de nutrientes digestíveis presentes nas frações orgânicas que compõem a forragem. Maiores teores de NDT indicam forragens com maiores teores de energia e pontencial para transformação em leite e carne.
  • Proteína bruta (PB) – Corresponde à fração protéica da silagem considerando todo o nitrogênio (N) que esteja na matéria seca, seja ele protéico (aninoácido – NH2...) ou não protéico (amônia – NH3 e outras fontes). A proteína não deve ser o único fator para se avaliar a qualidade da forragem.
  • Matéria Mineral (MM): É o teor total de minerais contido nas forragens. Como corresponde a fração não orgânica, se tivermos níveis mais elevados de MM na forragem ela certamente terá menores níveis de energia. Por serem muito baixos, geralmente, devem ser supridos com uma pequena quantidade de sal mineral na dieta.
  • Extrato etéreo (EE): Corresponde ao teor de óleo na forragem. Dá-se muita atenção ao teor de óleo, principalmente do grão, porque cada grama de óleo tem 2,25 vezes mais energia que um grama de carboidrato (amido ou açúcares), no entanto, na silagem de planta inteira os níveis de óleo  são baixos e, por isso, pouco interferem na qualidade total.
  • Carboidratos não estruturais (CNE): Nas silagens quem contêm grãos representa a fração amido e na cana representa o açúcar. É a principal fração da silagem porque corresponde à maioria da energia contida nela. Todo o amido vem do grão, por isso quanto maior a participação de grãos ® menor o teor de FDN ® menor o teor de FDA ® maior o NDT.

Nossa dica: Avalie a produtividade da forragem , determine a matéria seca e os teores de nutrientes por meio de análise bromatológica, dessa maneira você poderá estimar quanto realmente de volumoso foi produzido e armazenado na propriedade, bem como sua qualidade. Com essas informações você conseguirá fazer um melhor planejamento forrageiro na atividade, identificando se a forragem armazenada será suficiente para a produção do rebanho.